A família pós moderna

por Esther Augusto - 28 de agosto de 2023

O texto dissertativo crítico a seguir trata brevemente das mudanças que aconteceram ao longo da história e influenciaram a instituição mais antiga e importante da sociedade: a família. Esta que, embora atacada, permanece de geração em geração.

O homem, como agente ativo da história, pode partir do seu contexto atual e analisar o passado, feito isso, certamente poderá afirmar: vivemos os melhores tempos de toda a humanidade. Sem dúvida, o mundo nunca foi tão rico e tecnológico como é na era pós moderna. 

Conversamos por ligações de vídeo com pessoas que estão a quilômetros de distância, viajamos de um continente para o outro em algumas horas, nos movimentamos rapidamente por meio de transportes públicos ou automóveis, fazemos transações bancárias em segundos, descobrimos a cura para diversas doenças, retardamos a morte através de diversas cirurgias, realizamos transplantes de órgãos,  aquecemos alimentos em menos de um minuto, sendo que muitos alimentos já são oferecidos quase prontos, construímos grandes prédios de uso empresarial e residencial. E talvez você se lembre de mais alguma facilidade dos tempos atuais que não foi mencionada. Sim, homens fortes que viveram tempos extremamente difíceis construíram para nós tempos fáceis. 

Fonte: https://www.mapfreglobalrisks.com/media/las-diez-tecnologias-que-mas-van-a-impactar-933X526.jpg

Idade antiga, idade média (que de média só tem o nome), feudalismo, teocentrismo, idade moderna, burguesia, renascimento, revolução industrial, descobrimento das américas, idade pós moderna, revolução francesa, iluminismo, guerras! Nomes caracterizam não só o tempo mas também o homem pertencente a este tempo, e cada homem de cada época possuía sua performance e suas relações interpessoais. A questão é: o que pode ser deixado com a passagem de um determinado período da história para outro? 

Da mesma forma que um homem pode olhar para o seu passado e contemplar a história que o fez, pode também olhar para o seu momento atual e perguntar: o que eu tenho feito? É com base nisso que também precisamos afirmar: desde a modernidade, nunca houve era tão sombria quanto a pós-modernidade! Friedrich Nietzsche se encheu de coragem e disse: Deus está morto! Mas a verdade é que no coração humano Deus já havia morrido desde o surgimento da modernidade, quando homens fecharam os olhos para o céu e abriram os olhos para si mesmos, o que isso significou então? O desprezo dos valores judaico-cristãos, fundamentos do Ocidente, ora, uma vez destruídos os fundamentos a queda da construção é iminente. 

Somente o cristianismo dignifica e honra o indivíduo em sua totalidade, ou seja, não só o homem, como também a mulher, a criança, o órfão, o pobre, a viúva, igualando-os e destinando-os ao mesmo céu. É só o Deus cristão que torna a família uma instituição divina, dando significado tanto à função do homem quanto da mulher, unindo-os em virtude de representar Jesus e a Igreja, e multiplicar sua criação tendo filhos. Mas Arthur Schopenhauer dizia que a vida provinha da vontade da Natureza, essa por sua vez era má e só fazia o homem sofrer, dessa forma, viver era um castigo, gerar filhos era uma maldição e morrer era uma virtude. Ayn Rand condenou o serviço ao próximo, ninguém deveria abrir mão de sua vontade em razão da vontade ou necessidade de outrem. Ela deve ter se esquecido que não existe família e sociedade sem o sacrifício mútuo de uns pelos outros. Já Charles Darwin e seus adeptos anularam a existência de um criador, resumiram seres humanos e animais a uma coisa só e definiram padrões de hierarquias raciais, defendendo o desaparecimento de raças inferiores, nasceu então o eugenismo. 

Todas essas ideias abriram precedentes para o caos dos tempos atuais: a defesa de animais acima da vida humana - sim, pessoas protestam por filhotes de tartarugas e baleias e apoiam o aborto (que está mais para assassinato) de bebês com 24 semanas. A eutanásia, que nada mais é que a morte de alguém que deixou de ser produtivo (segundo os padrões desses arquitetos de uma cultura de morte), partindo dessa premissa, um ser humano só importa se oferecer algo? Na verdade, para os evolucionistas e eugenistas um ser humano vale tanto quanto qualquer outro animal, pois não possui alma imortal, adeptos do monismo, para esses a vida não vale tanto quanto o cristianismo diz valer! Além desses pensamentos supracitados, temos também homens e mulheres que sustentaram fielmente a ideia de que não há mais homem ou mulher, o que existe é uma construção da sociedade. Vale reforçar que a sociedade já está em desconstrução faz tempo, logo, nada mais é construído, o que restou na verdade foi conservado! Não é mais necessário a fidelidade entre um homem e uma mulher, aliás eles não precisam mais se limitar a ser um casal, podem viver o que chamam de “poliamor”. A família agora não é formada por homem, mulher e filhos, e sim, por qualquer coisa que você ame, até porque a procriação não é mais uma característica do que é ser família (que só acontece entre macho e fêmea), basta amar, mas eu questiono se em tempos de amor próprio sabemos o que de fato é amor? 

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Crianças nascem, e não lhes é dito se são meninos ou meninas, elas poderão decidir quando quiserem! Pais e mães não sabem (ou não querem) educar seus poucos filhos, lhes dão atenção e amor em forma de presentes, dizem sim a tudo, tornando-se escravos não só de suas crianças geradas, mas de suas necessidades afetivas. O ciclo se repete. Crianças não amadas crescem e tornam-se adultos que buscam amor em tudo e todos, alguém não amado saberá amar? Os mesmos terão filhos e não os amarão, esse filhos crescerão sem amor, consegue compreender? Em nome do materialismo, a necessidade de conquista e a vaidade exacerbada, o cuidado e educação que uma mãe deveria dar é entregue por ela mesma a outras mulheres, nós a chamamos de professoras. Não, elas não cuidarão dos seus filhos da melhor forma possível, elas farão apenas o mínimo necessário para que eles fiquem bem. 

Com o advento do feminismo as relações entre os sexos mudaram drasticamente, homem e mulher desprezam sua essência: o cuidado! Ambos manifestam esse serviço de diferentes formas, uma vez que, ainda que contraditoriamente ao que muitos hoje em dia falam, são opostos em todo o seu ser. Homem e mulher deveriam ser cooperadores um do outro e não competidores, por serem opostos deveriam se completar e complementar, não disputar. O revisionismo dos relacionamentos promovido pelas revoluções feministas afetou quase que fatalmente a família, dizer que esse não é um dos objetivos dessa ideologia é pura desonestidade. Casamentos nascem com data para morrer, não há serviço, amor, cumplicidade, fidelidade, não há família, não há filhos! Há trabalho, discórdia, “pets” e frieza. A família, a mais bela criação de Deus, está em declínio. Certamente a evolução do homem prometida por muitos não aconteceu, o que ocorreu foi somente a decadência até o último estágio! Para os que crêm, só existe uma única maneira de redimir a humanidade, ela já aconteceu, cabe ao homem não desprezá-la. 

Aqueles que ainda conservam o que um dia deu certo, os que valorizam as tradições e fundamentos de uma construção imponente precisam agarrar as suas verdades, ainda que lhes pressionem e lhes seja exigido negar a realidade. Como disse Olavo de Carvalho: os que defendem a verdade com moderação, prestam serviço à mentira. 

Texto escrito por:

Esther Augusto - Coordenadora da Redação e Clube do Livro